A saúde é um bem inestimável, e a forma como lidamos com os medicamentos é um
fator crucial para a sua preservação. No Brasil, a aquisição de fármacos é um processo
rigorosamente regulamentado, visando garantir a segurança, eficácia e qualidade dos
produtos consumidos pela população. No entanto, a facilidade de acesso a produtos
irregulares e a cultura da automedicação representam ameaças significativas à saúde
pública.
Este artigo visa elucidar a importância vital de adquirir medicamentos
exclusivamente em farmácias e drogarias devidamente licenciadas, e a
necessidade inegociável de seguir a prescrição médica. Abordaremos os riscos da
automedicação, os perigos dos medicamentos falsificados e o papel fundamental do
farmacêutico e da cadeia de suprimentos regulamentada na proteção do consumidor.
O Risco Oculto da Automedicação
A automedicação, prática comum no Brasil, consiste no uso de medicamentos sem a
orientação de um profissional de saúde qualificado (médico ou dentista). Embora
pareça uma solução rápida para sintomas leves, ela esconde uma série de perigos que
podem comprometer seriamente a saúde.
Os 7 Perigos da Automedicação [1]
A ingestão de medicamentos sem a devida orientação profissional pode desencadear
consequências graves, muitas vezes irreversíveis.
Perigo Descrição Consequência para a Saúde
- Mascaramento
de Sintomas
O medicamento alivia o sintoma, mas
não trata a causa, atrasando o
diagnóstico correto de doenças
graves.
Dificulta o tratamento e pode
agravar a condição de saúde. - Intoxicação
O uso de doses inadequadas, a
combinação errada de substâncias ou
a ingestão acidental (especialmente
em crianças) podem levar à
intoxicação.
Reações adversas graves,
falência de órgãos (rins,
fígado) e, em casos extremos,
óbito. - Reações
Alérgicas
O princípio ativo do medicamento
pode desencadear reações alérgicas,
das mais sutis às mais severas
(choque anafilático).
Risco de vida e necessidade
de intervenção médica de
emergência. - Interações
Medicamentosas
A combinação de diferentes
medicamentos (prescritos ou não)
pode anular o efeito de um ou
potencializar o efeito colateral de
outro.
Ineficácia do tratamento ou
surgimento de novos
problemas de saúde. - Resistência
Bacteriana
O uso inadequado de antibióticos
(dose ou tempo de tratamento
incorretos) contribui para o
desenvolvimento de bactérias
resistentes.
Dificuldade em tratar
infecções futuras, tornandoas potencialmente fatais. - Dependência
O uso prolongado e sem critério de
certas substâncias (como alguns
analgésicos ou ansiolíticos) pode
gerar dependência física e psicológica.
Comprometimento da saúde
geral e dificuldade de
descontinuação do uso. - Efeitos
Colaterais
Intensos
O uso inadequado pode levar a efeitos
colaterais mais fortes do que o
esperado, como problemas
gastrointestinais (ex: gastrite) ou
danos a órgãos vitais.
Agravamento de condições
pré-existentes e surgimento
de novas patologias.
A Receita Médica: Um Guia de Segurança
A receita médica não é apenas um papel burocrático; ela é um guia terapêutico e uma
exigência legal que garante o uso seguro e eficaz dos medicamentos [2].
O Papel da Prescrição
A prescrição é o resultado de um processo complexo de diagnóstico e avaliação
clínica. O médico considera o histórico do paciente, suas condições de saúde atuais, a
interação com outros medicamentos que ele possa estar tomando e a dosagem ideal
para o seu caso específico.
“A receita médica desempenha um papel fundamental na prática da medicina, pois
assegura que os medicamentos sejam utilizados de maneira segura e eficaz, sendo
um guia terapêutico e também uma exigência legal para a compra de certos
remédios em farmácias.” [2]
A exigência da receita para medicamentos de venda controlada (tarja vermelha e
preta) é uma medida de saúde pública para evitar o uso abusivo, a dependência e a
resistência microbiana. Ao exigir a receita, o sistema de saúde garante que o
medicamento só será utilizado quando houver uma indicação clínica clara e um
acompanhamento profissional.
O Perigo dos Medicamentos Falsificados e Irregulares
A compra de medicamentos fora de farmácias e drogarias licenciadas (como feiras,
camelôs, ou sites não autorizados) expõe o consumidor ao risco de adquirir produtos
falsificados, adulterados ou roubados.
Riscos dos Produtos Falsificados [3]
Medicamentos falsificados são um crime contra a saúde pública e representam um
risco gravíssimo, pois não passam por nenhum controle de qualidade, segurança e
eficácia [4].
Falta de Eficácia: O medicamento pode não conter o princípio ativo, ou contê-lo
em dose insuficiente, resultando na falha do tratamento e no agravamento da
doença.
Intoxicação por Substâncias Tóxicas: Podem conter substâncias tóxicas ou
contaminantes que causam reações adversas graves e imprevisíveis.
Agravamento da Doença: O uso de um produto ineficaz ou tóxico pode levar ao
agravamento de doenças, especialmente as críticas, como oncológicos e
antivirais [4].
Como Identificar e Evitar Falsificações [3]
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) orienta o consumidor a desconfiar
de alguns sinais e a tomar medidas preventivas:
Sinal de Alerta Medida Preventiva
Preço Muito Abaixo
do Habitual
Desconfie de preços que parecem “bons demais para ser verdade”.
Embalagem de Má
Qualidade
Verifique se há rótulos borrados, erros de ortografia, cores
diferentes do original ou lacres violados.
Falta de Bula ou Bula
Fora do Padrão
A bula deve estar em português e seguir o padrão exigido pela
ANVISA.
Compra em Local
Não Autorizado
Adquira medicamentos somente em farmácias e drogarias
devidamente licenciadas.
Falta de Registro da
ANVISA
O número de registro (MS seguido de uma sequência numérica)
deve estar na embalagem. Consulte o site da ANVISA para verificar
a aprovação [3].
O Papel Protetor da Farmácia e do Farmacêutico
A farmácia é o único local autorizado para a venda de medicamentos, pois faz parte de
uma cadeia de suprimentos rigorosamente controlada que garante a qualidade e a
procedência dos produtos.
A Cadeia de Suprimentos Segura
Desde a fabricação até o balcão da farmácia, o medicamento passa por um processo
logístico que exige: - Registro Sanitário: O medicamento deve ser registrado na ANVISA,
comprovando sua qualidade, segurança e eficácia [3]. - Boas Práticas de Fabricação (BPF): A indústria deve seguir normas rígidas de
produção. - Boas Práticas de Armazenagem e Distribuição (BPAD): O transporte e o
armazenamento devem garantir a integridade do produto, controlando
temperatura e umidade.
A farmácia, como elo final dessa cadeia, possui a Autorização de Funcionamento
(AFE) da ANVISA e a Licença Sanitária local, atestando que ela cumpre todas as
normas para a guarda e dispensação dos medicamentos.
O Farmacêutico: O Guardião da Saúde
O farmacêutico é o profissional de saúde presente na farmácia, e seu papel vai muito
além da simples entrega do produto. Ele é o responsável técnico pelo estabelecimento
e atua como um consultor essencial para o uso racional de medicamentos.
Orientação: Ele orienta sobre a forma correta de usar o medicamento, a
dosagem, os horários, a duração do tratamento e os possíveis efeitos colaterais.
Verificação da Prescrição: Ele verifica a validade e a legibilidade da receita,
garantindo que o medicamento dispensado é o correto e que a dose é segura.
Identificação de Interações: Ele pode identificar possíveis interações
medicamentosas ou contraindicações que o paciente não percebeu.
Descarte Seguro: Ele orienta sobre o descarte correto de medicamentos
vencidos ou não utilizados, evitando a contaminação do meio ambiente [5].
Conclusão
A compra de medicamentos é um ato que exige responsabilidade e cautela. A escolha
de adquirir produtos somente em farmácias e drogarias licenciadas é a primeira e
mais importante linha de defesa contra os perigos dos medicamentos falsificados e
irregulares. Essa escolha garante que o produto passou por toda a cadeia de
suprimentos regulamentada, desde a fabricação até a dispensação, sob a supervisão
da ANVISA.
A necessidade de receita médica para medicamentos controlados é um mecanismo
de proteção que evita a automedicação irresponsável, o mascaramento de doenças e
o desenvolvimento de problemas graves como a resistência bacteriana.
Ao valorizar o papel do farmacêutico e seguir rigorosamente as orientações médicas, o
cidadão não apenas protege a sua saúde individual, mas contribui ativamente para a
segurança e a saúde pública. O caminho seguro para a saúde passa, invariavelmente,
pelo balcão da farmácia e pela caneta do médico.
Referências
[1] Unimed Campinas. Veja 7 perigos da automedicação e como evitar esse problema.
Unimed Campinas. Disponível em: https://www.unimedcampinas.com.br/blog/vivercom-saude/veja-7-perigos-da-automedicacao-e-como-evitar-esse-problema
[2] Dra. Priscilla Ortiz. O que é Receita Médica: Entenda sua Importância.
DraPriscillaOrtiz.com.br. Disponível em: https://drapriscillaortiz.com.br/glossario/oque-e-receita-medica-entenda-sua-importancia/
[3] Drauzio Varella. Medicamentos falsificados: quais os riscos e como identificá-los?
Portal Drauzio Varella. Disponível em:
https://drauziovarella.uol.com.br/medicamentos/medicamentos-falsificados-quaisos-riscos-e-como-identifica-los/
[4] ANVISA. Anvisa alerta para a falsificação de medicamentos. Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/ptbr/assuntos/noticias-anvisa/2020/anvisa-alerta-para-a-falsificacao-de-medicamentos
[5] Senado Federal. Automedicação pode ter graves consequências. Senado Federal.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especialcidadania/automedicacao-pode-ter-graves-consequencias/automedicacao-pode-tergraves-consequencias



























