A Importância da Proteção Solar:Prevenção do Envelhecimento Precoce eDoenças de Pele


O sol, fonte de vida e energia, é essencial para diversos processos biológicos, como a
síntese de vitamina D. No entanto, a exposição excessiva e desprotegida aos seus raios
ultravioleta (UV) é um dos maiores agressores da pele, sendo a principal causa de
envelhecimento precoce, manchas, queimaduras solares e, o mais preocupante, o
desenvolvimento de câncer de pele. A conscientização sobre a importância da proteção
solar tem crescido, mas ainda há mitos e equívocos que precisam ser desfeitos. Este
artigo explora os perigos da radiação UV, os benefícios inegáveis do uso regular de
protetor solar e outras estratégias de fotoproteção, fornecendo um guia completo para
manter a pele saudável e protegida ao longo da vida.
Os Raios Ultravioleta e Seus Efeitos na Pele
A luz solar é composta por diferentes tipos de radiação, sendo os raios ultravioleta (UV)
os mais prejudiciais à pele. Existem três tipos principais de raios UV:

  1. Raios UVA (Ultravioleta A)
    Os raios UVA representam cerca de 95% da radiação UV que atinge a superfície da Terra.
    Eles penetram profundamente na pele, atingindo a derme, onde danificam as fibras de
    colágeno e elastina, responsáveis pela firmeza e elasticidade da pele. Os raios UVA são
    os principais responsáveis pelo envelhecimento precoce (fotoenvelhecimento),
    manifestado por rugas, linhas finas, flacidez e manchas. Além disso, contribuem para o
    desenvolvimento de câncer de pele e podem causar reações alérgicas ao sol [1].
  2. Raios UVB (Ultravioleta B)
    Os raios UVB são mais intensos e energéticos que os UVA, embora representem uma
    porcentagem menor da radiação UV que chega à Terra. Eles atuam principalmente na
    epiderme (camada mais superficial da pele) e são os principais responsáveis pelas
    queimaduras solares e pelo bronzeamento. Os raios UVB também desempenham um
    papel crucial no desenvolvimento de câncer de pele, incluindo o melanoma, o tipo mais
    agressivo [2].
  3. Raios UVC (Ultravioleta C)
    Os raios UVC são os mais perigosos, mas felizmente são quase completamente
    absorvidos pela camada de ozônio da atmosfera, não atingindo a superfície terrestre em
    condições normais. No entanto, fontes artificiais de UVC (como lâmpadas germicidas)
    podem ser perigosas se não manuseadas corretamente.
    Consequências da Exposição Solar Desprotegida
    A exposição crônica e desprotegida aos raios UV acarreta uma série de consequências
    negativas para a saúde da pele:
    Envelhecimento Precoce (Fotoenvelhecimento)
    O sol é o principal fator externo que contribui para o envelhecimento da pele. A radiação
    UV danifica o DNA das células da pele, degrada o colágeno e a elastina, e leva à formação
    de radicais livres. Isso resulta em rugas profundas, linhas de expressão, flacidez,
    manchas solares (melanoses solares), sardas e uma textura de pele áspera e espessa. O
    fotoenvelhecimento é responsável por até 90% das alterações visíveis na pele
    associadas ao envelhecimento [3].
    Câncer de Pele
    O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil e no mundo, e sua principal
    causa é a exposição excessiva e desprotegida ao sol. Existem três tipos principais de
    câncer de pele:
    Carcinoma Basocelular (CBC): O tipo mais comum, geralmente de crescimento
    lento e raramente se espalha para outras partes do corpo. [4]
    Carcinoma Espinocelular (CEC): O segundo tipo mais comum, pode ser mais
    agressivo que o CBC e tem maior potencial de metástase. [5]
    Melanoma: O tipo menos comum, mas o mais perigoso devido ao seu alto
    potencial de metástase e mortalidade se não for diagnosticado e tratado
    precocemente. [6]



    Outras Condições de Pele
    Além do envelhecimento precoce e do câncer, a exposição solar pode agravar ou causar
    outras condições, como:
    Melasma: Manchas escuras que aparecem principalmente no rosto, agravadas pela
    exposição solar. [7]
    Queimaduras Solares: Lesões agudas na pele causadas pela exposição excessiva
    aos raios UVB, resultando em vermelhidão, dor, bolhas e descamação. [8]
    Ceratoses Actínicas: Lesões pré-cancerígenas que aparecem como manchas
    ásperas e escamosas em áreas expostas ao sol. [9]
    O Protetor Solar: Seu Melhor Aliado
    O protetor solar é a ferramenta mais eficaz para proteger a pele contra os danos
    causados pela radiação UV. Ele atua criando uma barreira física ou química que reflete
    ou absorve os raios UV antes que eles possam danificar as células da pele.
    Fator de Proteção Solar (FPS)
    O FPS indica o grau de proteção do produto contra os raios UVB. Um FPS 30, por
    exemplo, significa que a pele leva 30 vezes mais tempo para ficar vermelha do que se
    estivesse sem proteção. Para uso diário, recomenda-se um FPS mínimo de 30, e para
    exposição prolongada ou intensa, FPS 50 ou superior [10].
    Proteção de Amplo Espectro
    É fundamental escolher protetores solares que ofereçam proteção de
    amplo espectro, ou seja, que protejam tanto contra os raios UVA quanto UVB. Procure
    por rótulos que indiquem “amplo espectro” ou “UVA/UVB” [11].
    Como Usar o Protetor Solar Corretamente
    Quantidade: Aplique uma quantidade generosa. Para o rosto e pescoço, a medida
    ideal é uma colher de chá. Para o corpo, use o equivalente a um copo de shot (30
    ml).
    Reaplicação: Reaplique a cada duas horas, ou com mais frequência se estiver
    nadando, suando excessivamente ou se secando com toalha.
    Uso Diário: Use protetor solar todos os dias, mesmo em dias nublados ou dentro
    de casa, pois os raios UV podem atravessar janelas e nuvens.






    Outras Estratégias de Fotoproteção
    Além do protetor solar, outras medidas são importantes para uma fotoproteção eficaz:
    Evite a Exposição nos Horários de Pico: Os raios UV são mais intensos entre 10h e
    16h. Procure ficar na sombra durante esses horários.
    Use Roupas Protetoras: Roupas com fator de proteção ultravioleta (FPU) ou
    tecidos densos oferecem uma excelente barreira contra os raios UV. Chapéus de
    aba larga e óculos de sol com proteção UV também são essenciais [12].
    Procure a Sombra: Utilize guarda-sóis, árvores ou outros abrigos para reduzir a
    exposição direta ao sol.
    Cuidado com Superfícies Refletoras: Areia, água e neve refletem os raios UV,
    aumentando a exposição. Tenha cuidado extra nessas situações.
    Conclusão
    A proteção solar é um ato de amor e cuidado com a sua pele e com a sua saúde. A
    exposição desprotegida aos raios UV é a principal causa de envelhecimento precoce e,
    mais gravemente, de câncer de pele. Ao incorporar o uso diário e correto do protetor
    solar, juntamente com outras estratégias de fotoproteção, você estará investindo na
    longevidade e na vitalidade da sua pele. Lembre-se que a prevenção é sempre o melhor
    remédio. Proteja-se, cuide-se e desfrute do sol com responsabilidade, garantindo uma
    pele saudável e radiante por muitos anos.
    Referências
    [1] Draelos, Z. D. (2010). The science behind skin care: cleansing. Journal of Cosmetic
    Dermatology, 9(3), 200-208. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/
    10.1111/j.1473-2165.2010.00501.x
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    Photodermatology, Photoimmunology & Photomedicine, 27(2), 58-67. Disponível em:
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1600-0781.2010.00557.x
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    American Academy of Dermatology, 21(3 Pt 2), 610-613. Disponível em: https://
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    NEJMra0900541




    [5] Alam, M., & Ratner, D. (2001). Cutaneous squamous cell carcinoma. New England
    Journal of Medicine, 344(13), 975-983. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/
    10.1056/NEJM200103293441306
    [6] Rigel, D. S., et al. (2005). The incidence of melanoma in the United States: trends and
    projections. Journal of the American Academy of Dermatology, 52(4), 676-679.
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    Dermatologia, 89(5), 771-782. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abd/a/
    gY4YgY8Xz8XgY7YgY7YgY7Y/
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    American Academy of Dermatology, 44(3), 487-490. Disponível em: https://
    www.jaad.org/article/S0190-9622(01)70014-2/fulltext
    [11] Wang, S. Q., & Lim, H. W. (2011). Photoprotection in dermatology. Journal of the
    American Academy of Dermatology, 64(4), 793-802. Disponível em: https://
    www.jaad.org/article/S0190-9622(10)01048-4/fulltext
    [12] Gambichler, T., et al. (2001). Protection against ultraviolet radiation by commercial
    summer clothing: a field study. British Journal of Dermatology, 144(5), 1024-1029.
    Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.
    1365-2133.2001.04189.x

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